Na sua bondade e misericórdia infinita, ao longo dos séculos na igreja, Deus escolheu conceder a diversas pessoas um dom muito particular e belo, assim chamado virgindade ou celibato consagrado. É um dom porque nasce do coração de Deus que é amor, como proposta de um modo de viver que visa amar a Deus sem reservas, dedicando-se exclusivamente à Ele, com um coração indiviso e a Sua obra, amando e sendo presença de Deus às pessoas que a missão lhe confia.
Como toda escolha comporta em si uma renúncia o celibatário faz a opção de não casar-se, vivendo assim inteiramente disponível para Deus e para a missão de anunciar o evangelho. Mas atenção, o celibatário não renuncia o amor, pois acima de tudo é uma vocação que brota de uma experiência profunda de amor. É aquele que se percebeu profundamente amado por Deus e por causa desse amor deseja gastar sua vida por amor a Ele, e amá-lo de todo coração, de toda alma e com todas as suas forças. Permitindo com que o Senhor a cada dia o conquiste como falou o profeta: “seduziste-me Senhor e eu me deixei seduzir” Jr 20, 7a. Assim poderíamos definir que ser celibatário por causa do reino enquanto consagrado é amar a Deus acima de todas as criaturas, para amar com o coração e a liberdade Dele, cada criatura, sem se ligar a nenhuma e sem excluir alguma. Amando de maneira particular com o coração semelhante ao do Amado aqueles que na vida não encontram o amor.
E nessa dedicação ao próximo é que sua vocação pode experimentar a graça de uma profunda fecundidade, pois ele não gera na carne, mas de maneira espiritual gera abundantemente. Através da entrega de um celibatário, inúmeros filhos são gerados para Deus. Seja através do anúncio da palavra, do atendimento pessoal ou mesmo do cuidado com as pessoas através das obras sociais, o celibatário gera em Deus e para Deus muitos filhos na fé.
Portanto em tempos atuais no mundo que banaliza e reduz o amor a uma busca egoísta de satisfação de si mesmo, como uma busca desregrada pelo prazer, a vocação celibatária é luz e testemunha que o verdadeiro sentido da vida estar em sair de si para amar, a Deus por primazia e ao próximo como expressão desse amor para com Deus, assim sendo, o celibato está longe de ser aquela escolha que faz transparecer tristeza e desânimo de viver por não sentir-se amado, por não ter encontrado alguém para se casar ou mesmo aquela visão antiga de que quem escolhe o celibato passou por muitas decepções nos relacionamentos e na vida. Ao contrário, o celibatário é chamado a ser testemunha de uma imensa alegria, da alma que foi desposada por Deus e que em tudo faz a vontade de seu Esposo. Simples assim, o celibatário é feliz por ser pertença de Deus, de um Carisma e por poder consumir a sua vida se dedicando ao próximo.
O celibatário não desposa uma mulher, porque assim tem o coração livre para desposar a humanidade inteira por quem ele intercede e se entrega na missão, entrega semelhante à de Cristo. Numa outra perspectiva podemos dizer que ele não vive o matrimônio aqui na terra, porque está na expectativa e é sinal de outro matrimônio, que todos nós viveremos definitivamente com Deus na eternidade. O celibatário é profecia do céu , ele antecipa na sua vida o que viveremos na eternidade: um amor esponsal para com Deus, onde as pessoas não se casam e não se darão mais em casamento. Cf. Lc 20, 34-35
Louvemos a Deus que suscita esta vocação no seio da igreja, e intercedamos por todos os celibatários, para que possam permanecer fiéis a Deus amando-o com amor esponsal, sendo assim fecundos em sua missão.
Walter Jr
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