Em um de seus mais belos hinos, São Paulo falou sobre um sublime dom – seria este o maior de todos: a caridade. Se não há amor, que proveito tira o homem de suas obras? 

Logo nos primeiros dias, aqui na missão, fui invadido por uma série de perguntas. Os questionamentos eram feitos com os dias. O que Deus quer de nós aqui? Sabia que Ele não iria aparecer numa nuvem de fogo ou através de um anjo como nas Escrituras. Era preciso ouvir sua voz. 

As noites eram longas pelo calor, bem como pela luta que travava dentro de mim: o que fazer? Sou de uma geração que o que fazemos ou construímos é o que conta, assim nos ensinaram. Fazer, fazer, trabalhar, estudar, construir para ser alguém na vida. Penso que muitos, como eu, já ouviram tais expressões. Mas já tinha escutado também, no caminho formativo, em minha Comunidade, que era preciso ser. Nunca foi tão clara essa descoberta como aqui. Entendi que não era fazendo alguma coisa, mas era estando ali, somente. Se tudo fosse com amor e por amor, eu estaria agradando a Deus. 

E um dia, foi um simples olhar que despertou meu coração. Já tinha até mesmo escrito algo semelhante, quando redigia minha monografia de filosofia, sobre a força do olhar do outro, que tem o poder de convocar o que temos de comum, nossa humanidade. Era uma adolescente, órfã, que me encarava com suas fragilidades e, confesso que, até hoje, eu não sei o que ela pensava. Mas seus olhos diziam ao meu coração: “cuida de mim”.

Foi, então, que tomamos conhecimento mais a fundo sobre um antigo projeto de Internato para meninas, que existia ali e que, por circunstâncias diversas, havia sido fechado. Em oração, pedimos permissão para retomar o projeto e dissemos: “se for vontade de Deus, as autoridades irão aprovar”. A obediência sempre é força nas maiores batalhas. Quanta gratidão quando veio a resposta. Paramos todas as obras da casa que estávamos reabilitando para morarmos e concentramos nossas forças e recursos, que tínhamos até então, para dar um “Lar” à 15 meninas pouco favorecidas, sendo algumas órfãs e com outras durezas da própria vida. 

Assim, nasceu o projeto Lar da Esperança Santa Josefina Bakhita. Se você tiver curiosidade, visite nosso perfil no Instagram e confira no (#novaaliancamocambique) o dia em que elas entraram na casa. Só por aquele dia, já tinha valido toda minha estadia nessa terra de missão. Cada sorriso, cada abraço que era fruto da gratidão e que tem um nome: caridade. 

Faz-se caridade quando se faz o bem a alguém, e é o que essas meninas tem feito conosco. Elas têm feito um bem enorme, pois cuidar não é nada fácil, acompanhar, estudar, fazer junto as atividades, rezar. 
A caridade cristã nos faz irmãos. De repente acordamos um dia com 15 filhas. E como alimentar? Como iremos conseguir recursos? Será que vamos conseguir manter?

Sou tão lento para muitas coisas… E uma delas é entender que a obra é de Deus e é Ele quem faz.
Nós, missionários, somos apenas presença, instrumentos. O agir vem Dele, bem como todo ser e mover. Nele está a vida, como nos ensina São Paulo. E, como seus filhos, apenas queremos viver assim… Confiados em suas mãos. Viver da providência como pede nossa regra de vida. 

 

Do lazer aos estudos, da oração às partilhas sobre a vida, sobre as coisas, o que é certo, o que agrada a Deus. E os dias tem passado, e queremos abrir mais espaço para ajudar a outras meninas. E o meninos? Eles também precisam. Mas, enfim, vamos seguindo, vagono vagono, buscando agradar a Deus. 

 

Pe Rafael Ligeiro – Missionário Nova Aliança

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