Anápolis-GO, 20 de março de 2020,

Louvado, seja nosso Senhor Jesus Cristo, para sempre seja louvado!

Amados filhos, espero que esta carta encontre vossos corações e nos proporcione verdadeira comunhão e conforto em Nosso Senhor Jesus.

Estamos no tempo da Quaresma. Além das costumeiras práticas quaresmais que a Igreja nos pede (jejum, esmola, oração, Via Sacra, Campanha da Fraternidade), temos oportunidade de fazer outros sacrifícios e renúncias. Neste tempo nos é proposto parar, devido a pandemia do coronavírus, e além de obedecer às disposições das autoridades civis e eclesiásticas, precisamos escutar de Deus o que Ele deseja nos dizer e fazer em nós.

Um primeiro ponto, que precisamos colocar em evidência, é que o medo e o pânico não condizem com nossa verdadeira identidade de cristãos que somos. A certeza que trazemos pela fé é que temos um Pai no céu e este Deus Pai sempre esteve, está e estará a olhar para nós. Cremos que todo o mundo criado é guiado por sua Divina Providência e que não existe mal neste mundo que Deus não possa tirar um bem maior. Assim nos diz santo Afonso: Deus não permitiria o mal se não pudesse tirar desse mal um bem infinitamente maior.

Basta olharmos para Cruz de Cristo. Do pior mal que poderia acontecer, a morte de Jesus Cristo, Filho de Deus, o Pai colheu como fruto, de todo o mal feito ao seu Filho, a salvação do mundo. Por isso, a nós, neste tempo cabe rezar, para junto do Pai e na condição de filhos de Deus que somos, permanecer com Ele e crer em sua divina providência insondável a nossos olhos. É permanecendo na fé e na esperança que receberemos a graça de nunca nos vermos sozinhos e desamparados em qualquer situação, incluindo sobretudo esta situação atual que “flagela o mundo”.

Um segundo ponto: É preciso relembrar a brevidade da vida presente, em comparação com a vida eterna. Tudo passa e passará. No fim só permanecerá o amor de Deus. Isso não nos torna imprudentes nos cuidados necessários e exigidos pelas

autoridades, mas nos livra de um “desespero materialista”, que infelizmente tem tomado nossa sociedade. Como Jó, nós cristãos, devemos estar prontos para exclamar: Eu sei que meu redentor está vivo e que no fim, se levantará sobre o pó; e, depois que tiverem arrancado esta minha pele, já sem minha carne, verei a Deus. Eu mesmo o verei, meus olhos o contemplarão, e não a um estranho (Jó 19, 25-27). Com certeza, se olharmos os fatos, do presente momento, por esta ótica de, seremos capazes de na serenidade dos filhos de Deus permanecer no Seu Divino Amor, que rege todas as coisas.

Um terceiro ponto: Amar o próximo, como a ti mesmo. É e sempre será o maior mandamento de nosso Senhor, juntamente com o amor a Deus. Se o dever da caridade nos chama, devemos estar prontos, não para “salvar o mundo”, pois seria muita pretensão nossa, mas devemos estar preparados para viver o evangelho que Jesus Cristo nos ensinou: “em verdade vos digo: todas as vezes que fizestes isso a um destes mais pequeninos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes” (Mt 25, 40). Cada um na sua humilde verdade é convocado por Deus a deixar-se impelir pela caridade verdadeira que provem Dele. Creio que não nos faltará oportunidade para isso.

Por fim, e não menos importante, é preciso reaprender a estar em casa: com a esposa, o esposo, os filhos, os pais, os irmãos, consigo mesmo e sobretudo com Deus. O isolamento é uma enorme possibilidade para redescobrir a preciosidade das relações: para consigo mesmo, para com o outro e para com Deus.

E para podermos viver as verdadeiras relações, neste mundo globalizado, precisaremos ter a coragem de nos policiar no que se refere às redes sociais. Sim, hoje não podemos dispensá-las, pois são um eficiente recurso para se manter informados e próximos de familiares e amigos distantes, mas olhemos e usemos estes meios com atenção, pois pode ser que busquemos mais estar informados do que estar “salvos” e com as pessoas ao meu redor, isto é, divagamos em tantas notícias que nos perdemos da fé e esperança necessária, que nos conduzirá para Deus e os irmãos neste tempo difícil.

Meus filhos, leiam a Sagrada Escritura, recitem os salmos em voz alta, rezem o terço invocando a proteção de Nossa Senhora. Procurem assistir as missas televisionadas ou via internet, ouçam homilias diárias, que são de fácil acesso na internet.

Dói em meu coração de pastor, saber que o povo será privado de participar ativamente da Sagrada Liturgia e dos exercícios espirituais comunitários, neste tempo quaresmal. Dói ver tantos filhos de Deus que já faleceram por conta deste flagelo. Dói sobretudo, saber que o “Pão do Céu” não vos será oferecido. Por estes motivos, eu vos convido, chorai comigo esta dor. Fazei com que esta saudade pela Eucaristia, seja minha (por não poder celebrar com o povo) e do povo (por não poder estar junto de seu pastor), rasgue os Céus e que nos concedam inúmeras graças a toda a humanidade, neste tempo.

Lembrem-se vocês não estão sozinhos, muito menos abandonados. Os vossos padres estarão à disposição. Liguem, mandem mensagens, se tiverem doentes e impossibilitados de sair, chamem o vosso pastor. Recordo ainda, aos vossos corações, que os padres estarão celebrando diariamente por vocês, implorando a misericórdia e a piedade do Senhor sobre todos nós.

Que o Senhor vos guarde e livre deste mal.

Que a Virgem Imaculada, Mãe de Deus e nossa, neste tempo difícil, faça com que sintamos, mais ainda, a sua presença Maternal.

Em Jesus,

Pe. Diego Spagnolo

Comunidade Católica Nova Aliança

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